sexta-feira

"A Casa de Espelhos"

Essas são só as cartas que restaram dês de que sai daquela casa, daquele mundo, seja lá o que fosse aquilo tudo.
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"Você esta doente Lie! Tem esquizofrenia! Sera que não entende ? Você é louca, vê coisas que não existem! Esta destruindo nossa família!!"
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O rosto desfigurado de Roger estava tão perto do meu que eu poderia ter arrancado seu nariz com os dentes se quisesse. Sua expressão de ódio misturado com asco estava ridícula; teria rido, não fosse o som dos gritos de tia May, a dormência que sentia no lado esquerdo do rosto e aquele maldito zunido nos meus ouvidos; não tinha assimilado completamente o porque de eu ter levado um murro na cara, e não conseguia raciocinar com May fazendo tanto barulho; {((esquizofrenia?))}; os poucos comecei a me lembrar daquela palavra...
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"ROGER!! Já cheg...!" - Gritava tia May ao fundo
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"CALA A BOCA!! Não se lembra que tentou se matar? Não se lembra? Precisamos interna-la! Está fora de controle!"
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De costas para May,Roger não tirava os olhos de mim, como se eu fosse algum tipo de animal perigoso, que poderia atacar a qualquer momento.
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Infelizmente eu ainda estava muito atordoada para atacar alguém. Mas não havia tentado me matar, foi tudo um acidente. Eu estava muito cansada, muito cansada mesmo, minha cabeça zunia, não estava mais suportando; eu tinha que dar um fim aquilo, como qualquer pessoa normal. Mas estava tonta demais, não percebi que tinham caído tantas pílulas no copo. O fato era que eu precisava de um medico. * E de repente, silencio. Tudo ficou terrivelmente claro naquela hora: eu sou uma esquizofrênica. Durante todos aqueles anos, eu havia vivido em uma enorme casa de espelhos, e no segundo seguinte, tudo desmorona em cacos do que eu fora no passado. Eu havia desmaiado por overdose.
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E agora estou aqui, Colégio Heinrich Hertz para "jovens super dotados". Roger levou a coitada da tia May para os Estados Unidos, onde vai poder desfrutar de todos os seus privilégios recém adquiridos, e me largou aqui até completar a maioridade, para que ele me mantenha "sob controle" e não tenha mais que se preocupar com uma "psicótica" sob seu teto.
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Bom, sinceramente não faço a menor questão que alguém leia as coisas que escrevo aqui, é que depois do que aconteceu, não escrevo mais em diários. E alem disso, minha companheira de quarto não me parece ser muito confiável, aliais, ninguém desse colégio me parece ser muito normal... Mas quem sou eu para falar sobre o que é normal.
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Apesar de tudo que aconteceu, e de saber que nada daquilo foi real, eu ainda os vejo. Eles sempre estão por ai, e as vezes eu quase não consigo manter o controle, mas mesmo assim não vou voltar a tomar aqueles remédios importados que meu querido tio Roger manda, que me transformam em uma fantoche.

Um comentário:

L. disse...

to acompanhando sua história,
e simplismente adorando.

:*