sexta-feira

Meus amados Demônios:

Não tenho porquê mentir aqui. Sei muito bem o que esta acontecendo; não preciso dos comentários ou conclusões, muito menos da opinião de ninguém para enxergar a verdade; sei que não sou superior a ninguém pelas coisas que penso, digo e faço; sei que isso tudo até me torna inferior. Eu sei disso, sei que manipulo os outros apenas para suprir essa necessidades que eu tenho. Queria só deixar claro que este não é só mais um caso de uma garota egocêntrica e vazia que finge não enxerga a ilusão que é sua vidinha repulsiva. Você pode pensar o que quiser pensar, o que achar mais divertido; pode acreditar que sinto o maior prazer em ver o sofrimento dos outros, que sou uma sadista infernal ou eu sou algum tipo de psicopata demoníaca; qualquer coisa. Para mim tanto faz. Eu não vou discordar de nada, talvez você esteja mesmo certo, talvez eu seja algum tipo de psicopata, talvez tudo que eu sinto, esse buraco no meu peito, esse vazio, essa dor; talvez seja tudo apenas um truque de minha mente para mascarar essa verdade. Mas se assim for, se eu for mesmo uma psicopata, QUERO TER FORÇAS PARA ACABAR COM ESSE SOFRIMENTO DE UMA VEZ! EU NÃO AGUENTO MAIS ! Não Não aguento mais esses demônios me assombrando! Eles me consomem; ficam a todo momento tentando me arrancar dessa realidade que eu tão desesperadamente me agarro. Nada pode se comparar e essa aflição desumana, consumindo mundo por mundo, até que você já não saiba mais ao que pertence. As vezes acredito poder fazer qualquer coisa. As vezes a dor se torna tão dilacerante e violenta que acaba por anestesiar, e é como se nada mais pudesse me machucar; toda dor se torna imperceptível, qualquer sofrimento é indiferente, qualquer vida se é insignificante. E quando eu a final desperto, é como se uma avalanche que me esmaga meu peito impedindo que eu respire, é um soluçar de navalhas que penetram famintas em minhas cicatrizes pulsantes, escorrendo lamurias fendas fendas sombrias de meus pesadelos, onde meus demônios que só aguardam ansiosos, a oportunidade para me arrastarem para meus junto deles para o inferno de minhas próprias sombras. É um ciclo interminável, não tenho como escapar. Meus demônios por tanto amados, agora me destroem, me fragmentam, me forçam a seguir caminhando pela vida mesmo já não desta pertencendo a muito. É essa doença que me coroe o espírito; são essas vozes que me arrebentam a cabeça, é aquela visão que me aterroriza o acordar, é aquele toque que me rasga a realidade. É aquele toque. Aquele toque que me impede de esquecer, aquele calor que me atormenta e me acolhe, aquele amor irreal e real que eu preciso e renego.
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Não sei se você já entendeu o que está acontecendo aqui neste instante, já saiu do controle; Não entendo como ainda vejo o teclado do computador; eles não param de me tentar, me seduzir, me levar cada vez mais para as profundezas de minha inconsciência, não sei quanto tempo mais vou conseguir digitar. Está começando tudo de novo, estão derrubando minhas barreiras, despedaçando minhas fronteiras, são mais fortes do que eu, esses meus demônios. Eu preciso deles, simplesmente preciso; é como uma droga, que te destrói; e mesmo que você saiba, ainda continua, pois simplesmente precisa. Até que sua necessidade se torna sua perdição. Finalmente.

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