Deviam ser por volta de umas 16 horas da tarde; e um grupo de garotas conversava enquanto caminhavam calmamente pelo corredor da ala Leste. Fazia uma bela tarde de outono, com um lindo tapete de folhas amarelas cobrindo quase todo o campus. Os outonos eram frios nos corredores do Colégio Herts, mas com a espectativa daquele longo inverno que se aproximava, eram quase como um oasis.
Ainda não havia terminado o feriado, mas a maioria das alunas já tinha voltado de suas casas para estudar; as provas semestrais começariam assim que voltassem as aulas, talvez por isso aquele feriado fosse sempre tão prolongado.
Suzy, Stella, Mary e Sheila estavam discutindo sobre o tempo que passaram fora do colégio, provas e garotos, ou seja, praticamente sobre tudo do que tinham a capacidade de inferir; eram as mesmas que estavam conversando durante a aula de álgebra.
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– Boa tarde Roxane! – Diz Mary, fazendo com que todas em seguida, ao darem-se conta do ocorrido, repetirem o comprimento.
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Porem Lie nem si quer olhou para os lados; continuou andando apressadamente pelo corredor com os olhos no chão. As garotas deram de ombros.
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-Ela deve estar atrasada para se encontrar com o Fran - cochichou uma delas, antes de voltarem para seu cacarejo habitual.
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Na verdade, Lie estava concentrada demais em manter-se dentro da realidade para se dar ao trabalho de cumprimentá-las, mas infelizmente não pode deixar de ouvir aquele comentário estúpido da garota, o que a distraiu.
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- Idiotas, como podem pensar que estou indo ver o garoto com essas malas? Que garotas burras! - disse para si mesma.
{ ( (( Lie )) ) }
Lie caiu de joelhos, sentiu como se uma mão fantasma tivesse tentado esmagar seu coração por dentro, e uma dor penetrante a fez se contorcer. Depois que recuperou o fôlego, olhou em volta; havia acabado de deixar o prédio da ala Leste, e só precisaria atravessar o gramado para chegar à outra ala; não estava muito longe.
{ ( (( Do que esta fugindo Lie?)) ) }
Então ela começou a correr, quase que desesperadamente; aquela a havia pego de surpresa novamente, mas agora já não tinha mais nenhuma duvida sobre o que estava fazendo tudo aquilo. No campo alguns estudantes olham de relance sua corrida, mas ninguém deu muita importância; naquele colégio, as pessoas entendiam muito bem quando era o momento de não enxergar.
Finalmente Lie alcançara a entrada do prédio, mas precisava parar um pouco para respirar; estava suando e tremendo, não era dela ficar nervosa assim, mas aquela era uma ocasião muito especial; ela sabia muito bem o que estaria prestes a acontecer caso não ela conseguisse chegar ao quarto a tempo.
{ ( (( Por que esta fugindo de mim Lie?)) ) }
E ela voltou a correr, subindo as escadas ofegante, começou a sentir aquele antigo arrepio, o que vez com que corresse ainda mais rápido.
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“ 155; 157; 159; 161...”
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O corredor estava deserto, e mesmo sendo possível ouvir o som dos garotos jogando futebol do lado de fora, ainda parecia o lugar mais isolado da terra; tudo lá estava muito mas mais abafado, úmido, escuro e pesado do que deveria.
E de repente, Lie parou bruscamente, fazendo seus joelhos estalarem. Sentiu como se alguma coisa houvesse agarrado seus pés e, relutantemente olhou para baixo, apenas para poder encarar seus imóveis e traidores membros estáticos.
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- Lie?
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A voz distante ecoou pelas paredes do corredor escuro, fazendo com que a garota duramente soltasse as malas de suas mãos, atingindo o chão com um barulho estranho, que ficou a repercutir lentamente pelas paredes durante alguns segundos. Lie não conseguia se mexer, mas com o canto do olho direito podia enxergar a porta de numero 174 logo ao seu lado, se esticasse o braço, poderia entrar em seu quarto. Mas não conseguiria.
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- Lie, do que você esta fugindo?
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Novamente aquele terrível arrepio correu-lhe o corpo, ao escutar aquela voz tão aterrorizantemente próxima; seu coração começou a bater mais rápido, podia perceber ele se aproximando, à medida que as coisas a seu redor adquiriam um aspecto cada vez mais sujo e distorcidos. Ele avançava como um animal, inexplicavelmente veloz e poderoso.
Até que de repente, ele salta sobre a garota, aterrizando bem a sua frente com o rosto ofegante rente ao dela, de modo que Lie podia sentir sua respiração enquanto ele a encarava com aqueles grandes olhos dourados. Ela tremia,e apesar de tentar manter sua expressão inalterada, era visível o nervosismo por traz d seus olhos claros. Alguma coisa nele sempre a aterrorizou, deis do inicio, talvez aquela aparência e velocidade desumana, talvez aquele sentimento de descontrole, talvez aquele terrível magnetismo que ele exercia sobre ela.
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-C-Coyote... eu... – Começou Lie, com a voz tremula.
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- Eu não gosto da maneira como você tem me tratado – Gruniu ele por entre os dentes, agarrando violentamente o rosto de Lie com uma das mão, levantando-o para próximo do seu. – Não gosto nem um pouco.
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Coyote possuía uma aparecia incrivelmente bestial e hipnotizaste, que contrastava-se muito com o aspecto pequeno e delicado de Lie. Em geral, costuma andar sempre sem camisa, exibindo o corpo vermelho, quente e selvagem. Não é tão forte como Apolion, nem tão “charmoso” – digas-se assim de passagem - como Pluto; entretanto, cada poro do seu corpo exalava vontades, desejos, despertava os instintos mais primitivos; por onde ia, Coyote arrastava uma atmosfera tão intensa e dominadora, que tornava-se quase impossível manter a racionalidade perto dele; o simples fato de ele estar tocando-a perturbava todos os seus sentidos. Diferente dos outros, ele não era nada racional ou calculista, era movido por seus sentimentos, seus instintos...
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Então, depois de alguns instantes, ele soltou-a, fazendo com que caísse de joelhos.
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- POR QUÊ? – Berrou ele furiosamente para ela.
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- Eu posso explicar... – Disse Lie enquanto tocava em sua mandíbula dolorida.
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Ele então rugiu para o alto e começou a andar de um lado para o outro nervosamente, assim como os leões costumam fazer em suas jaulas, nos zoológicos, quando perturbados.
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- Eu não estava fugindo de você – disse ela.
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- NÃO MINTA PRA MIM!! – Rugiu outra vez, mas dessa vez saltando ferozmente sobre a garota,que ainda estava no chão; prendendo-a pelos pulsos assim como Pluto havia feito, mas diferente dele, Coyote estava realmente alterado.
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Ele arfava nervosamente, e bem fundo de seus olhos impetuosos, via-se uma angustia terrível; ele estava a ponto de começar a chorar, e Lie sabia, que na verdade ele era como ela. Assim, com esse pensamento em mente que o beijou, com todo o carinho e compreensão que conseguira juntar; como amante e como confidente. A principio ele retribuiu com um beijo ardente, desesperado, quase agressivo; mas logo depois se conteve, beijando-a com incrível ternura e carinho, enquanto a abraçava.
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- Eu tanto a senti sua falta – Choramingou ele – estive tão sozinho...
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- Eu sei – disse ela enquanto beijava-lhe as lágrimas ternamente – Sinto muito.
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Ele abraçou-a com força de repente, fazendo com que Lie se assustasse e acabasse perdendo o ar, mas ele não se importou; não queria deixar que ela se fosse novamente, não poderia deixar, não suportaria deixar. Seus braços poderosos apertavam-na contra seu corpo, e ela começou a sentir suas pernas fraquejarem e um arrepio perigoso percorrendo sua barriga, precisava escapar o quanto antes daquela arapuca. Então abraçou-o com paixão, e voltou a beija-lo avidamente, fazendo que seus braços afrouxassem um pouco, – tinha que tomar extremo cuidado para manter o controle, pois seus instintos estavam quase a enlouquecendo.
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- Coyote, eu preciso ir agora – disse beijou-lhe apaixonadamente – Preciso arrumar minhas coisas.
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- O que... – Disse ele estático.
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- É só até eu me instalar, depois podemos no encontrar mais tarde – e foi abrindo a porta do quarto enquanto beijava-o novamente, mas dessa vez ele não retribuiu.
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- Você vai embora de novo... – Ele recuou com a encara-la com o olhar vazio.
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- Não! – disse ela, dando um empurrão na porta enquanto ia de encontro a ele com um sorriso acolhedor – Não vou embora, vou ficar aqui, mas não posso deixar que ninguém descubra...
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Com as mãos em seu pescoço, Lie se inclinou para dar um beijo de despedida em Coyote, que dessa vez correspondeu, mas de um jeito diferente que a fez hesitar. Mas ai já era tarde; antes que ela pudesse fazer qualquer coisa para impedir, ele já estava com as mãos em seu cintura, beijando-a violentamente. E com um golpe rápido, ele a puxou suas pernas até a altura de seu quadril, forçando-a a se segurar a ele para não cair, e levando-a para o interior do quarto agora sombrio.
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-Coyote, o que você está fazendo? – perguntou ela apavorada.
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Ele então jogou-a brutalmente sobre uma das camas.
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– Disse, beijando-a covardemente no pescoço, fazendo seu corpo todo estremecesse, e perdesse pouco a pouco seu alto controle.
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