terça-feira

Sabe, às vezes durante a noite, quando estava a ponto de adormecer, eu costumava me perguntar: “Por quê?”

As vezes eu sonhava. Sonhava com lírios vermelhos, que balançavam suavemente ao gélido sopro da noite, e eu caminhava hesitante para lugar algum, olhando para baixo, hipnotizada pelos lírios sem fim. E a noite inteira se resumia a isso; um incessante caminhar pelo interminável campo dos rubros lírios sangrentos.

Porem, com o passar do tempo, os lírios começaram a criar espinhos, e minha mente, antes tão vazia, começou a ser rasgada por vozes que ainda posso ouvir: “POR QUÊ? POR QUE ESTOU SEMPRE SÓ?! POR QUE EU SOU QUEM DEVE SOFRER?!”. Mas eu não consigo fugir, meus pés dilacerados não me obedecem, e continuo então a marchar por aquelas lâminas gulosas que prosseguiam alimentando aquele infernal campo de lírios com a minha dor.

Porem as vezes, quando me esforçava ao extremo, conseguia abrir os olhos. Mas do que vale acordar quando se continua a enxergar o pesadelo? Do que vale abrir os olhos para ver demônios? E era quando, acordada no meio da escuridão, me perguntava por quê:

Por que, depois de tudo o que aconteceu, eu continuo assinando essa sentença? Por que continuo registrando esses meus delitos? Só para mais um idiota vir e arrancar de mim tudo que eu acredito ser real?! Eu quero de volta a mentira que me impedia de enxergar o por quê! Pois antes, antes eu esperava pelo carteiro, que me trouxesse uma carta, antes eu esperava por Deus, que me trouxesse um milagre... Antes eu esperava a noite chegar, para poder sonhar. Antes no meio da noite eu me perguntava “Por quê? Por que isso tudo aconteceu comigo?” e chorava.

Agora nenhuma lágrima mais liberta essa minha dor, agora nenhuma esperança afrouxa esse nó na minha garganta, agora eu não espero mais, agora eu não me pergunto mais. Os lírios finalmente se foram, sangrando suas lágrimas sobre meus pés cansados; agora as noites são diferentes, e eu nunca mais me perguntei por quê.

Simplesmente, porque as coisas são como são.

Não adianta se perguntar por quê, nada nunca irá mudar.

Não se trata de desistir, se trata de acordar; acordar e perceber que o mundo na verdade não passa de um grande campo de flores;

Se trata de levantar a cabeça e ver que todas as pessoas do mundo estão ao seu redor, olhando para o chão e caminhando cegamente na mesma direção.

E a única pergunta que ocupa minhas noites é:

Do que vale poder abrir os olhos de manhã,

quando se continua a enxergar o pesadelo?

quarta-feira

LOUCURA - Fim

Lie estava imóvel, deitada de costas sobre uma das camas do quarto 147 ; tinha a cabeça caída para o lado, enquanto seus olhos enevoados vagavam distantes pelas paredes sombrias. O que poderia fazer? O que qualquer um poderia fazer? Tudo a seu redor estava imóvel, como se enforcado por seu próprio silencio e desabitação. O único movimento talvez fossem as cortinas, que bailavam romanticamente ao sabor da brisa outoniça, mas em outro lugar, bem longe dali, a situação era bem diferente.
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Lie fechou os olhos por um instante, e imagem da senhorita Vam Roas perfeitinha entrando a naquele mesmo segundo no quarto acabara de passar em frente a seus olhos quase que como uma lembrança. Fazendo com que novamente Lie voltasse para a noite em que Roger invadiu sua vida, sua família, seus segredos; da noite em tudo acabou. Lembrou-se até do que se seguiu adiante, no hospital:
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- O seu tio Roger não está meu anjo.
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- Não! Você ainda não entendeu o que eu disse: quero ver minha tia, minha TIA MAY.
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Lie estava na recepção do hospital, ainda usando um daqueles aventais ridículos. Havia acordado aquela manhã sem entender o que estava acontecendo; já se faziam quatro semanas que ela estava internada, e deveria receber alta naquele dia e voltar para casa, mas seus “responsáveis” não estavam lá. Então ela respirou fundo e disse: - Será que eu poderia pelo menos usar seu telefone por favor?
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A recepcionista era uma mulher gorda e velha, irritantemente alegre e sorridente, parecia ter sofrido algum tipo de lavagem cerebral ou coisa do tipo; a mulher era quase tão esperta quanto um garfo.
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Lie estava nervosa, queria não estar entendendo a situação. Começou a discar o numero de celular de sua tia, mas antes que pudesse completar a ligação, alguém subitamente aperta o botão do gancho cortando a ligação. Furiosa lie se vira para encarar o imbecil da vez; era Dr. Aulfer, seu medico, ou melhor, medico de Roger.
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- mocinha, seu tio Roger já me passou todas as instruções sobre a senhorita – Disse estendendo o dedo grosseiro para a garota com reprovação – Você vai direto daqui para sua nova escola, seu tio já cuidou de tudo.
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E agarrou a menina pelo pulso arrastando-a pelo corredor do hospital. A essa hora já tinha concluído que Roger havia seqüestrado sua tia para os Estados Unidos, para poderem fazer a cerimônia, mas principalmente para ele poder desviar todo nosso dinheiro para sua conta. “Maldita comunhão de bens!” pensou. Apesar de tudo Lie estava impressionada com a influencia que Roger possuía naquele lugar, aliais, começou a se recordar de varias ocasiões que a levaram a desconfiar que ele não era exatamente o arquiteto simplório que pensavam. Lie balançou a cabeça, tinha que se concentrar no agora.

- O que?? Mas eu nem estou com as minhas coisas! – protestou.
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- Já disse para não se preocupar, eles já estão com tudo que você vai precisar... Ah sim! – e parou subitamente e começou a mexer nos bolsos, até tirar uma pequena e simples caixinha de metal decorada – Esses são os remédios que você terá que tomar, eles farão com que você se sinta bem melhor quando, hã... Você sabe... “Acontecer”.
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Era a caixinha onde que tia May costumava guardar seus remédios antidepressivos, lie conhecia bem ela; era realmente pequena, de modo que se escondia até em sua pequenina mão, e decorada com um pouco de louça pintada, realmente linda.
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Aquela foi a primeira e a última vez que tomou aqueles remédios, eles a deixavam quase que inconsciente, sem a capacidade de raciocinar por si só, a transformavam em um fantoche; tinha prometido para si mesma que nunca mais tomaria uma daquelas coisas novamente, mas agora a situação tinha mudado, ela havia perdido totalmente o controle. Sua expressão morta mascarava um medo imenso; nunca havia perdido o controle daquela maneira, estava completamente vulnerável e indefesa. Ela precisava fazer alguma coisa, não podia ficar assim por mais tempo. Em sua mente, Coyote devorava-a; cada beijo, cada caricia, era como se arrancasse um pedaço dela. Seus lábios pareciam ter sede por sua consciência, beijando-a ferozmente até a ultima gota de alto controle. Lembrou-se então: Os remédios estavam na mala. Inalcançáveis. A ultima chance de se libertar daquela armadilha despedaçou-se.
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( ( (Ou talvez não a última.) ) )
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Lie olhava secamente para uma pequena tesoura de unha sobre o criado mudo do lado da cama. Seus olhos passavam incógnitos, indo e voltando sobre aquela pequena lamina; deslizando sobre seu fio afiado, que sorria sadicamente enquanto brilhava sob o resíduo de luz que escapava pelas densas cortinas. Uma nova idéia lentamente pousa em sua mente, como um grande corvo acocorando-se fogosamente sobre um galho qualquer do lado de fora da janela. Lentamente, lie vai aproximando seu braço do criado mudo, não tinha mais nada a perder; ela já havia feito isso antes, varias vezes, quando queria ficar sozinha, completamente sozinha. Finalmente ela tem em sua mão o precioso objeto, sua chave; e com um movimento rápido e certeiro, a pequena lamina abriu caminho pela carne quente e pulsante; o sangue manchava os lençóis, consumindo cada vez mais o branco por um novo vermelho, da mesma forma como tudo a sua volta. Lie havia enfiado toda a lamina da tesoura no ombro direito, e com um puxão, arrancou-a abrindo ainda mais o buraco, por onde saia muito sangue. Ela precisava se concentrar na dor, deixar-se dominar, só assim se livraria de Coyote.
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Finalmente, o tão desejado silencio. Lie suspirou aliviada enquanto saboreava sua dor libertadora. Sentou-se na beira da cama e começou calmamente a planejar a sua explicação para a bagunça, até que avistou seu laptop jogado no chão do corredor; a porta estava entre aberta e Lie podia ver suas coisas espalhadas pelo chão. Levantou-se e apanhou o aparelho, trazendo-o para dentro e ignorando as outras coisas; abriu-o e começou a digitar. Achou que era um boa hora para se confessar.
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Deis de sempre, aqueles demônios estiveram com ela, dês de que se conheceram; mas ela era uma garotinha normal, e como toda garotinha normal precisava ficar sozinha, mas algumas vezes, Lie gostaria de ficar sozinha para sempre. Pois eles nunca a deixavam. Sempre, quanto mais ela fugia, mais eles se tornavam presentes. Um dia, quando voltou da escola, depois de uma briga terrível que tivera com uma amiga, Lie foi para o banheiro e começou a chorar. Não havia ninguém em casa, mas logo sua tia chegaria para elas saírem para jantar juntas, como faziam todas as sextas.
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- Me deixem sozinha!! Eu quero ficar sozinha!! -Gritava.
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Mas estavam todos lá, falando e falando dentro de sua cabeça, falando o quanto àquela garota não merecia a amizade dela, o quanto ela tinha razão, o quanto ela era melhor; e Lie não aguentava mais, sentia como se fosse explodir! Então, olhou para o espelho, dentro dos proprios olhos; estava com tanto ódio de sua vida e de si mesma que começou a gritar e socar o espelho desesperadamente. Depois da explosão, o silencio. Lie ficou, durante algum tempo, contemplando o sangue que escorria-lhe pelos dedos jovens, enquanto lágrimas vazavam-lhe dos olhos, misturando-se a pequena poça vermelha-escura que se formava no chão do banheiro.
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Depois , Lie tirou a roupa e entrou debaixo do chuveiro sem nenhuma palavra, tinha que se arrumar para o jantar. Uma estranha paz tomou seu corpo, e foi como se nada tivesse acontecido, e assim foi como descobriu.
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Mas daquela vez seria diferente, alguma coisa não havia dado certo, estava sangrando demais ; De repente tudo começou a girar, e um barulho ensurdecedor invade seus ouvidos; Lie só podia observar apavorada, formas distorcidas do que era o quarto, borrões de realidade; e um mar de vozes gritavam desesperadamente em sua cabeça. Ela acabou atingindo uma artéria sem querer, e agora estava perdendo muito sange; olhou para o chão e viu a enorme poça que se formava.
Aos poucos tudo foi escurecendo, até
apagar.

quinta-feira

Loucura - parte 2

Deviam ser por volta de umas 16 horas da tarde; e um grupo de garotas conversava enquanto caminhavam calmamente pelo corredor da ala Leste. Fazia uma bela tarde de outono, com um lindo tapete de folhas amarelas cobrindo quase todo o campus. Os outonos eram frios nos corredores do Colégio Herts, mas com a espectativa daquele longo inverno que se aproximava, eram quase como um oasis. Ainda não havia terminado o feriado, mas a maioria das alunas já tinha voltado de suas casas para estudar; as provas semestrais começariam assim que voltassem as aulas, talvez por isso aquele feriado fosse sempre tão prolongado. Suzy, Stella, Mary e Sheila estavam discutindo sobre o tempo que passaram fora do colégio, provas e garotos, ou seja, praticamente sobre tudo do que tinham a capacidade de inferir; eram as mesmas que estavam conversando durante a aula de álgebra.
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– Boa tarde Roxane! Diz Mary, fazendo com que todas em seguida, ao darem-se conta do ocorrido, repetirem o comprimento.
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Porem Lie nem si quer olhou para os lados; continuou andando apressadamente pelo corredor com os olhos no chão. As garotas deram de ombros.
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-Ela deve estar atrasada para se encontrar com o Fran - cochichou uma delas, antes de voltarem para seu cacarejo habitual.
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Na verdade, Lie estava concentrada demais em manter-se dentro da realidade para se dar ao trabalho de cumprimentá-las, mas infelizmente não pode deixar de ouvir aquele comentário estúpido da garota, o que a distraiu.
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- Idiotas, como podem pensar que estou indo ver o garoto com essas malas? Que garotas burras! - disse para si mesma.
{ ( (( Lie )) ) }
Lie caiu de joelhos, sentiu como se uma mão fantasma tivesse tentado esmagar seu coração por dentro, e uma dor penetrante a fez se contorcer. Depois que recuperou o fôlego, olhou em volta; havia acabado de deixar o prédio da ala Leste, e só precisaria atravessar o gramado para chegar à outra ala; não estava muito longe.
{ ( (( Do que esta fugindo Lie?)) ) }
Então ela começou a correr, quase que desesperadamente; aquela a havia pego de surpresa novamente, mas agora já não tinha mais nenhuma duvida sobre o que estava fazendo tudo aquilo. No campo alguns estudantes olham de relance sua corrida, mas ninguém deu muita importância; naquele colégio, as pessoas entendiam muito bem quando era o momento de não enxergar. Finalmente Lie alcançara a entrada do prédio, mas precisava parar um pouco para respirar; estava suando e tremendo, não era dela ficar nervosa assim, mas aquela era uma ocasião muito especial; ela sabia muito bem o que estaria prestes a acontecer caso não ela conseguisse chegar ao quarto a tempo.
{ ( (( Por que esta fugindo de mim Lie?)) ) }
E ela voltou a correr, subindo as escadas ofegante, começou a sentir aquele antigo arrepio, o que vez com que corresse ainda mais rápido.
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“ 155; 157; 159; 161...”
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O corredor estava deserto, e mesmo sendo possível ouvir o som dos garotos jogando futebol do lado de fora, ainda parecia o lugar mais isolado da terra; tudo lá estava muito mas mais abafado, úmido, escuro e pesado do que deveria. E de repente, Lie parou bruscamente, fazendo seus joelhos estalarem. Sentiu como se alguma coisa houvesse agarrado seus pés e, relutantemente olhou para baixo, apenas para poder encarar seus imóveis e traidores membros estáticos.
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- Lie?
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A voz distante ecoou pelas paredes do corredor escuro, fazendo com que a garota duramente soltasse as malas de suas mãos, atingindo o chão com um barulho estranho, que ficou a repercutir lentamente pelas paredes durante alguns segundos. Lie não conseguia se mexer, mas com o canto do olho direito podia enxergar a porta de numero 174 logo ao seu lado, se esticasse o braço, poderia entrar em seu quarto. Mas não conseguiria.
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- Lie, do que você esta fugindo?
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Novamente aquele terrível arrepio correu-lhe o corpo, ao escutar aquela voz tão aterrorizantemente próxima; seu coração começou a bater mais rápido, podia perceber ele se aproximando, à medida que as coisas a seu redor adquiriam um aspecto cada vez mais sujo e distorcidos. Ele avançava como um animal, inexplicavelmente veloz e poderoso. Até que de repente, ele salta sobre a garota, aterrizando bem a sua frente com o rosto ofegante rente ao dela, de modo que Lie podia sentir sua respiração enquanto ele a encarava com aqueles grandes olhos dourados. Ela tremia,e apesar de tentar manter sua expressão inalterada, era visível o nervosismo por traz d seus olhos claros. Alguma coisa nele sempre a aterrorizou, deis do inicio, talvez aquela aparência e velocidade desumana, talvez aquele sentimento de descontrole, talvez aquele terrível magnetismo que ele exercia sobre ela.
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-C-Coyote... eu... – Começou Lie, com a voz tremula.
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- Eu não gosto da maneira como você tem me tratado Gruniu ele por entre os dentes, agarrando violentamente o rosto de Lie com uma das mão, levantando-o para próximo do seu. – Não gosto nem um pouco.
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Coyote possuía uma aparecia incrivelmente bestial e hipnotizaste, que contrastava-se muito com o aspecto pequeno e delicado de Lie. Em geral, costuma andar sempre sem camisa, exibindo o corpo vermelho, quente e selvagem. Não é tão forte como Apolion, nem tão “charmoso” – digas-se assim de passagem - como Pluto; entretanto, cada poro do seu corpo exalava vontades, desejos, despertava os instintos mais primitivos; por onde ia, Coyote arrastava uma atmosfera tão intensa e dominadora, que tornava-se quase impossível manter a racionalidade perto dele; o simples fato de ele estar tocando-a perturbava todos os seus sentidos. Diferente dos outros, ele não era nada racional ou calculista, era movido por seus sentimentos, seus instintos...
______________ * Então, depois de alguns instantes, ele soltou-a, fazendo com que caísse de joelhos.
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- POR QUÊ? Berrou ele furiosamente para ela.
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- Eu posso explicar... Disse Lie enquanto tocava em sua mandíbula dolorida.
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Ele então rugiu para o alto e começou a andar de um lado para o outro nervosamente, assim como os leões costumam fazer em suas jaulas, nos zoológicos, quando perturbados.
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- Eu não estava fugindo de vocêdisse ela.
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- NÃO MINTA PRA MIM!! – Rugiu outra vez, mas dessa vez saltando ferozmente sobre a garota,que ainda estava no chão; prendendo-a pelos pulsos assim como Pluto havia feito, mas diferente dele, Coyote estava realmente alterado.
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Ele arfava nervosamente, e bem fundo de seus olhos impetuosos, via-se uma angustia terrível; ele estava a ponto de começar a chorar, e Lie sabia, que na verdade ele era como ela. Assim, com esse pensamento em mente que o beijou, com todo o carinho e compreensão que conseguira juntar; como amante e como confidente. A principio ele retribuiu com um beijo ardente, desesperado, quase agressivo; mas logo depois se conteve, beijando-a com incrível ternura e carinho, enquanto a abraçava.
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- Eu tanto a senti sua falta – Choramingou ele – estive tão sozinho...
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- Eu sei disse ela enquanto beijava-lhe as lágrimas ternamente – Sinto muito.
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Ele abraçou-a com força de repente, fazendo com que Lie se assustasse e acabasse perdendo o ar, mas ele não se importou; não queria deixar que ela se fosse novamente, não poderia deixar, não suportaria deixar. Seus braços poderosos apertavam-na contra seu corpo, e ela começou a sentir suas pernas fraquejarem e um arrepio perigoso percorrendo sua barriga, precisava escapar o quanto antes daquela arapuca. Então abraçou-o com paixão, e voltou a beija-lo avidamente, fazendo que seus braços afrouxassem um pouco, – tinha que tomar extremo cuidado para manter o controle, pois seus instintos estavam quase a enlouquecendo.
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- Coyote, eu preciso ir agora – disse beijou-lhe apaixonadamente – Preciso arrumar minhas coisas.
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- O que... Disse ele estático.
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- É só até eu me instalar, depois podemos no encontrar mais tarde – e foi abrindo a porta do quarto enquanto beijava-o novamente, mas dessa vez ele não retribuiu.
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- Você vai embora de novo... – Ele recuou com a encara-la com o olhar vazio.
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- Não! – disse ela, dando um empurrão na porta enquanto ia de encontro a ele com um sorriso acolhedor – Não vou embora, vou ficar aqui, mas não posso deixar que ninguém descubra...
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Com as mãos em seu pescoço, Lie se inclinou para dar um beijo de despedida em Coyote, que dessa vez correspondeu, mas de um jeito diferente que a fez hesitar. Mas ai já era tarde; antes que ela pudesse fazer qualquer coisa para impedir, ele já estava com as mãos em seu cintura, beijando-a violentamente. E com um golpe rápido, ele a puxou suas pernas até a altura de seu quadril, forçando-a a se segurar a ele para não cair, e levando-a para o interior do quarto agora sombrio.
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-Coyote, o que você está fazendo? – perguntou ela apavorada.
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Ele então jogou-a brutalmente sobre uma das camas.
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- Não vou deixar... – ele subiu na cama colocando o corpo sobre o dela – que você fuja de mim...
Disse, beijando-a covardemente no pescoço, fazendo seu corpo todo estremecesse, e perdesse pouco a pouco seu alto controle.
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segunda-feira

Loucura - Parte 1

Pouco antes de sentar-se na cadeira para escrever seu ultimo post ( Meus amados Demônios), Lie havia sido informada pela monitora que, na verdade, quem teria de se mudar para o quarto 174 da ala norte seria ela, e não sua companheira de quarto, que havia ocorrido um mal entendido e que ela tinha até o toque de recolher para levar suas coisas para seu novo quarto. Indiferente, disse que tudo bem, e começou logo a arrumar suas roupas e pertences pessoais; queria chegar o quanto antes ao novo quarto para conhecer sua nova colega de quarto, que seria ninguém menos que Melissa Van Roas, aquela de quem planejava roubar a popularidade, estava muito ansiosa para analisá-la e calcular como destruí-la, quase como uma inquietação.
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Uma inquietação que com o tempo foi visivelmente evoluindo para um desespero, ao passo que ela revirava suas coisas, cada vez mais freneticamente, em busca daquela foto que não conseguia encontrar; era a foto que Lie guardava deis dê pequena, de sua mãe e seu pai juntos durante sua lua de mel; eles estavam sentados em um banco, tomando sorvete em pleno inverno, em uma calçada qualquer de Paris. A foto estava datada em novembro de 1989, velha e um pouco escurecida pelas chamas; era a única foto dos pais que lhe restou.
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As vezes Lie não conseguia se lembrar do rosto de sua mãe, e isso a aterrorizava, por isso mantinha aquela foto sempre ao alcance, para caso esquecesse do rosto de seus pais novamente. Mas agora ela havia desaparecido.
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Lie ajoelhou-se no chão e fechou os olhos com força, até que eles lacrimejassem; tentou desesperadamente lembrar-se do rosto de seus pais. A imagem de uma casal tomando sorvete em um banco vinha a sua mente mas não os reconhecia, não eram os rostos de seus pais. Forçou mais ainda as pálpebras, mas os rostos continuavam ocultos em sua memória, só enchergava um casal qualquer sentado em uma banco qualquer, até que lentamente a imagem começou a se dissolver em sua mente, assim como óleo escorrendo por entre seus dedos, até que já não restasse mais nada em sua memória alem das tão temidas trevas.
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Nesse instante Lie abriu os olhos assustada, mas não consegue enxergar nada alem da escuridão, como se estivesse cega. E nesse mesmo instante, deu-se conta então de que já não estava mais em seu quarto, tão pouco no colégio especial Herts.
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Silenciosamente, começou a engatinhar tateando ao seu redor, atenta. {((Uma parede))}. Levantando-se com cuidado, começa então a tatear pela parece, em busca de alguma coisa como um interruptor, mas como ela bem sabia, ele já não estava mais lá. “Não é real. Não é real.” Murmurava para si mesma enquanto procurava em vão pelo interruptor. Estava tremendo como se tudo tivesse ficado friu de repente, mas ainda assim continuou a andar para o nada, apoiada na parte, até que algo de repente a agarra pelas costas fazendo-a saltar um grito.
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- Me larga. – disse secamente para as sombras – Eu disse para me soltar! – e golpeia a escuridão atrais de si com o cotovelo.
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- Hei calma! Eu só quero conversar – Diz uma voz melodiosa vinda das trevas
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- Eu não tenho nada para conversar com você, me deixe em paz!
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Conseguindo libertar-se daquelas mão que a seguravam, Lie começa a caminhar rapidamente para longe da parede, ignorando o desconhecido e quaisquer outras coisas que poderiam ocultarem-se nele.
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Até que inevitavelmente, tropeça em algo e cai.
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- Droga! – Pragueja para si mesma em voz baixa.
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- Não vai deixar eu te ajudar? – Diz novamente a voz melodiosa, porem dessa vez distante e irônica.
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- Não seja cínico – Diz Lie com tom de desprezo, enquanto tenta se levantar.
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A voz solta uma riso e de repente tudo fica claro de novo, e Lie pode enfim enxergar seu quarto outra vez, porem o ambiente ainda continuava irritantemente frio. E logo mais adiante, sentado folgadamente sobre sua cama estava Pluto, com seu típico sorriso irônico estampado na cara. Pluto é alto e magro, com cabelos ondulados e escuros como os olhos, e tem o péssimo habito de apagar as luzes e deixar tudo frio de vez em quando. É do tipo de cara que pessoas que eu não gostaria de conhecer gostariam de conhecer; sempre foi assim, e provavelmente nunca vai mudar. E ele adora dar uma de cafajeste.
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- Como vai? – perguntou ele sorrindo ainda mais, se é que isso é possível.
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- Vá para o inferno. – Disse Lie sem olhar para ele, enquanto continuava a arrumar suas coisas indiferentemente.
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- Será que isso é mesmo necessário? – Disse ele melosamente, e um segundo depois estava bem atrais de Lie, abraçando-a firmemente pelas costas, para então vira-la de frente para si e jogando-a sobre a cama onde a pouco estavam arrumando suas coisas na mala.
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- Pluto! Me solta! – Gritou Lie entre os dentes, tentando não chamar a atenção de ninguém.
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- Vamos lá, você não me engana – Pluto prendera Lie pelos pulsos sobre a cama, e estava agora sobre ela cochichando em seu ouvido com sua voz mais sedutora; - Você adora tudo isso, e faz tempo que não brincamos assim...
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Seus lábios estavam tão próximos do ouvido de Lie, que ela podia sentir o calor de suas palavras penetrando em sua mente, assim como o calor de seu hálito aquecendo sua carne que ainda tremia; podia sentir em todos os músculos de seu corpo como Pluto esbanjava indecentemente de seu peso para aprisiona-la sob seu corpo.
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- Por favor... Pluto, para – implorava a garota, enquanto podia apenas observar suas barreiras sendo derrubadas enquanto o demônio descia os lábios por seu pescoço fazendo seu corpo se contorcer.
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Ela começou a perder as forças para resistir. Enquanto um misto de tristeza, saudades e desejo dominavam seu corpo, confundindo seus pensamentos; os segundos começaram a se arrastar, de modo que ela podia sentir cada centímetro de seu ser sendo consumido lentamente por aquele calor ardente que a acolhia e hipnotizava.
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- Pluto, já chega. – Disse outra voz masculina, logo atrais de Pluto; era Apolion. Delicadamente Pluto interrompe seus beijos e vira o rosto para avistar seu companheiro parado perto da janela olhando perdidamente pela paisagem do campus; então voltou novamente os olhos para o rosto da garota dando um beijo em seu queixo; e no instante seguinte, estava novamente sentado fogosamente sobre a outra cama.
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Apolion havia aparecido do nada, e estava agora pacificamente observando qualquer coisa pela janela, ele costumava observar muito as coisas; as vezes Lie tinha a sensação de que ele estava escondido em qualquer lugar observando-a. Ele era muito bonito, pouco mais alto que Pluto, e bem mais forte, tinha um ar de grandeza que inspirava algum Deus antigo, principalmente por conta de seus olhos, pretos e roxos. Até mesmo Pluto o respeitava.
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Lie se levanta furiosa, limpou o rosto e começou a socar o resto das roupas na mala para então seguir em direção a porta sem dizer si quer uma palavra. Apolion continua indiferente, com o olhar perdido em seus pensamentos. Pluto solta um sorriso irônico e desaparecera novamente no ar, para reaparecer um instante depois em outro lugar.
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